sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Blues




Perjurei nessa melodia cantada o que pensei não ser, eu arrumei minha vida tal como, para adoça-la mais um pouco;
Cantei nas manhãs de sol, e sorri no amanhecer quando pessoas passavam pela minha janela, porque a noite anterior foi boa, me fez sentir bolhas no meu estomago, e assoviar cânticos;
Pedi para ir embora, mas você ficou, por alguma razão, você ficou... então fui tomar banho, quando comecei a ouvir um CD bem conhecido à tocar, sim, era um Blues bem velho, mas muito conhecido para mim, comecei a me lavar, lentamente, pensando no que estaria fazendo lá fora... passei para o quarto para me trocar, ainda pensando... só pensando...
Uma noite com Blues, uma boa companhia, um algo à mais por vir... meus lábios estremeceram, meu corpo vibrou, não conseguia agora me mover, ali, naquele quarto, senti a sua presença, bem junto à mim, ainda nua, somente com a toalha em volta de mim, aqueles olhos me olhavam atônitos, então me virei, vi seus olhos nos meus, eles me desejando ardentemente, fogo em seus olhos agora, um desejo toma conta do meu ser nesse instante, ele agora me toca com a ponta dos dedos, vagarosamente, desce por meu dorso, e, então o beija, acariciando minha pele, a beija suavemente, abraçou-me tão forte, que pensei que ia sufocar, mas não poderia sufocar, não ali, não com ele e, então, o beijei, nossos lábios se encontraram tão perfeitos, tão cheios de amor, de desejo que o calor só crescia mais em mim, me vi tomada de fogo e paixão, na minha sorte e tentativa de uma noite simples de musica sensata e pacata, acabaram por ser de uma noite ofuscante, e sem  ar...

Acordei, e ainda era cedo, o sol mal tinha saído de trás das nuvens, ainda estava com o seu cheiro em mim, seu corpo ainda parecia estar em mim, me virei e, estava sozinha naquele quarto, mas ainda tocava Blues, eu sorri, então desci as escadas e fui até a cozinha, preparar um chá, coloquei a água para ferver, ainda escutava o Blues no andar de cima, dancei... coloquei a erva na água, e despejei sob a peneira em uma xícara, deixei esfriar, e fui até a varanda, olhei para a rua, vi pessoas passando, apressadas, correndo, sem tempo nenhum, eu ri, voltei para dentro, peguei minha velha xícara, e subi novamente para o quarto, que ainda tocava Blues da noite anterior, sentei-me em frente a janela e só observei, pessoas passando... como as pessoas podem ser tão apressadas, nunca se preocupando com nada? Como elas podem viver sem Blues? 10:00! Me vesti pronta para sair, alguém me deteve na porta, aqueles olhos, os mesmos daquele Blues, será possível? Beijou-me os lábios tão calorosamente, que senti seu calor passando por mim, ele me abraçou, e sussurrou nos ouvidos, não planejei sair, nem mesmo vir até aqui, mas por alguma razão estou aqui e, então, só me abrace.
Aqueci meu coração, e disse: Blues é a nossa canção fazia tempo que não ouvia, e por alguma razão que desconheço, ouvi-la ontem,  nossos corpos se entrelaçaram ontem novamente, como se nunca tivessem se separado, eu vi uma lágrima sair dos meus olhos, então seus olhos me observaram quietos, sua mão se esticou na direção do meu rosto, levemente senti sua mão afagando minha face, suas palavras eram doce:
“ nos distanciamos e nem sabemos a razão ao certo, mas, nos reencontramos”

4 comentários:

  1. Muito lindo seu texto, e com blues fica sempre melhor.Beijos

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  2. Oi,Sayuri!Tão lindo seu texto, nossa eu to na ânsia de um reencontro, então ler esse texto foi mágico.
    Beijosss

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  3. Que intenso!!! adorei flor!

    Abraço largo!

    Poliana Fonteles

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 Talvez todos nós estejamos perdidos nesse mundo louco e hostil. Talvez todos ainda estejamos em busca constante do final feliz ideal. Talve...